"Vocação de Poeta
Ainda outro dia, na sonolência
De escuras árvores, eu sozinho,
Ouvi batendo, como em cadência,
Um tique, um taque, bem de mansinho...
Fiquei zangado, fechei a cara -
Mas afinal me deixei levar
E igual a um poeta, que nem repara,
Em tique-taque me ouvi falar
E vendo o verso cair, cadente
Sílabas, upa, saltando fora,
Tive que rir, rir, de repente,
E ri por um bom quarto de hora.
Tu, um poeta? Tu, um poeta?
Tua cabeça está assim tão mal?
- "Sim, meu senhor, sois um poeta",
E dá de ombros o pica-pau."
(Friedrich Nietzsche, trecho de poema de Das Canções do Príncipe Livrepássaro, poemas de 1882-1884, publicados em apêndice 'a Gaia Ciência, na edição de 1886.)
Quem me dera fosse poeta, mas como não sou...
segunda-feira, 26 de março de 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário