quarta-feira, 25 de abril de 2007
Inexistência
No entanto, estranhamente, as coisas pareciam seguir seu curso normal.
Pra mim as coisas continuavam, minha rotina continuava.
Os dias sucederam-se e continuei não enxergando ninguém, o mais estranho é que podia mesmo ter sido sempre assim.
Dei-me conta de que não via minha família, teria algum dia tido uma família? Vizinhos, amigos?
Comecei a pensar. Qual o sentido daquilo tudo? O que eu era?
E juntei-me à multidão dos inexistentes.
quarta-feira, 11 de abril de 2007
segunda-feira, 9 de abril de 2007
Novela
Dona Marta. Dona de casa. Assiste novela. Sempre. Agora sentada na sala de estar junto à sua filha Paula.
Cláudio, seu marido. Chefe da casa. Depois de ler o jornal do dia calmamente, resolve se distrair de outra maneira. Começa a cantarolar e batucar na perna. Ora canta, ora bebe sua pinguinha com frutas, como de costume.
_Shhh! Quero ouvir minha novela! Você só quer encher o saco, vai procurar o que fazer! _ diz Marta.
_ Isso é uma porcaria! Não sei como vocês perdem tempo com uma coisa dessas, é sempre a mesma coisa. _ retruca Cláudio.
_ Ah...fica quieto pai! A gente quer ver novela! _Paula.
Mesmo debaixo de tantas reclamações de quem só se interessa pelo seu programa de televisão, Cláudio continua a fazer sua batucada e cantarolar sua melodia até o fim da novela como forma de protesto.
Ao fim da exibição, as telespectadoras se levantam. Saem da sala. Cláudio continua sentado, mas vira-se para a televisão. É hora do seu telejornal.