quarta-feira, 25 de abril de 2007

Inexistência

Desde aquela manhã as coisas estavam diferentes. Lembro-me, já havia notado algo fora do comum havia algum tempo. As pessoas não estavam presentes em seus postos.
No entanto, estranhamente, as coisas pareciam seguir seu curso normal.
Pra mim as coisas continuavam, minha rotina continuava.
Os dias sucederam-se e continuei não enxergando ninguém, o mais estranho é que podia mesmo ter sido sempre assim.
Dei-me conta de que não via minha família, teria algum dia tido uma família? Vizinhos, amigos?
Comecei a pensar. Qual o sentido daquilo tudo? O que eu era?

E juntei-me à multidão dos inexistentes.

Um comentário:

Bruno disse...

Gostei muito de todos os poemas. Mas esse em especial tem uma densidade da forma poética misturada à sutileza do conteúdo que me agradou muito. Não é simplesmente um devaneio, cheio de hermetismos, que ninguém entende. Você conseguiu conduzir o leitor para dentro do poema,e depois o liberou para que sentisse o fluxo das palavras de acordo com a própria experimentação do lúdico que transborda do texto.